O Natal e a Black Friday, dia em que os varejistas vendem seus produtos a preços mais baixos, estão se aproximando. Mesmo que você não tenha certeza do que exatamente comprar, pode ter certeza que os preços tendem a ser mais elevados neste ano devido à falta de insumos que afetam a produção do setor no país.
A situação é ainda mais alarmante na indústria automotiva, mas segundo empresários do setor de eletrodomésticos e construção civil, esse cenário também afeta os materiais e componentes necessários estão com preços mais elevados com reajustes de até 200%. Parte desse valor tem que ser repassado ao usuário final, afirmam os empresários.
No meio da pandemia de coronavírus, a indústria sofreu com a escassez de componentes. Em primeiro lugar, as medidas de isolamento social para conter a propagação da doença levaram a uma redução na produção de matérias-primas e no transporte de mercadorias.
Posteriormente, o retorno repentino das atividades globais fez com que os pedidos fossem retomados simultaneamente por empresas de uma ampla variedade de setores.< br>
Era necessário que toda a cadeia de suprimentos da indústria fosse responsável pelos atrasos e novos pedidos.
A grande carteira de pedidos afeta a logística de transporte. O número de contêineres, navios e aviões não aumentou para acomodar pedidos em atraso e novos pedidos simultâneos.
Isso está impossibilitando a indústria de produzir e entregar no prazo a quantidade que os varejistas estão pedindo para as vendas cumprirem no final do ano.
A falta de insumos nas cadeias produtivas é um problema global que atinge também diversos setores no Brasil. Se houver insumo, a indústria tem que pagar mais por ele, disse Mario Sérgio Carraro Telles, da CNI (Confederação Nacional da Indústria) ao UOL.
Teles afirma que a falta de insumos e componentes atinge todos os setores da indústria corporativa no Brasil, uns mais, outros menos.
Mais vendido no final do ano, mais caro
A produção dos produtos favoritos da Black Friday e do Natal, como celulares, televisores e geladeiras, também foi afetada pela falta de peças.< br>
Jorge Nascimento, presidente da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), afirmou que os fabricantes vão cuidar dos pedidos do comércio, mas o aumento de preço será inevitável.
Segundo a GFK, o reajuste de preços já está ocorrendo em diversos segmentos da indústria, levando em consideração os 12 meses encerrados em setembro. Experimente:
Nascimento disse que os fabricantes fazem o melhor para garantir a transferência de preços por meio de negociações de contratos com fornecedores e despachantes, aumento da automação nas fábricas e redução das margens de lucro.
Não deve faltar nenhum produto, mas fazemos o possível para que os reajustes não cheguem ao consumidor. Hoje estimamos um reajuste médio de 7% a 10%, disse. No entanto, ele admite que eventos inesperados podem ocorrer e causar escassez. Internamente, o maior risco de gargalo em nosso setor é uma greve de caminhoneiros, disse ele.
Por causa de todos os problemas, este ano os lojistas já estão trabalhando com estoques menores para atender os clientes, afirma Luis Augusto Ildefonso, diretor de Relações Institucionais da Alshop (Associação Brasileira dos Lojistas).
O gerente geral afirma ainda que devido ao reajuste de preços, os lojistas enfrentam o desafio de fazer uma Black Friday com negócios ainda mais interessantes do que os do ano passado.
No ano passado, o lojista tinha mercadorias e bons preços, mas o cliente não estava na loja. Hoje é o contrário. O consumidor está lá, mas ou faltam produtos ou os produtos são mais caros, disse ele.